
Organização : Bloco 4 Foundation & Plataforma Txeka
Parceiro: (Ned) national endowment for democracy
Data: 2023
Colectânea de Poesia “Fechamento do Espaço Cívico e Direitos Humanos”
A Rede de Artistas Defensores de Direitos Humanos é um programa de pesquisa-ação que coloca artistas enquanto atores principais, a organizarem-se e exprimirem suas opiniões, para reforçar a pressão pública sobre o governo e a sociedade rumo à mudança. Este exercício acontece em contextos de ressecção democrática e fragilidades de captar vozes em prol da defesa dos direitos humanos. Neste sentido, rede busca combinar diferentes expressões artístico-culturais e várias formas de ativismos tendo em conta saberes locais e globais que tem como objecto principal promover mecanismos de proteção de artistas vulneráveis expostos a arbitrariedades do poder político e criar condições para que seus trabalhos não sejam repreendidos.
Junte-se a nós no Online Workshop no dia 15 de Junho de 2023, pelas 15 horas de Moçambique.
Venha descobrir quais são as “FERRAMENTAS PARA DISTRUIR O DITADOR E EVITAR NOVA DITADURA”, num contexto de fechamento do espaço cívico e o contínuo atropelo das leis por parte dos que deviam ser guardiões da legalidade.
O workshop é organizado pela Bloco 4 Foundation – Pesquisa em ativismo, cidadania e políticas sociais e pela plataforma digital Txeka e conta com o apoio da National Endowment for Democracy (NED), como parte do projeto “Participação política da juventude através de artes e Mídias digitais em Moçambique”.
As artes e os artistas na relação com seu público tem enfrentado grandes desafios quando se trata de usar a arte como uma avenida de educação e defesa de direitos humanos em contextos autoritários e de fechamento do espaço cívico. Alguns desses desafios baseiam-se em actos intimidatórios, censura, perseguição política, cooptação e não acesso ao mercado de trabalho formal, pelas posições que tomam através do que expressam ou fazem.
No âmbito do projecto “Participação Política da Juventude através de artes e Mídias digitais em Moçambique”, implementado pela Bloco 4 Foundation e a Plataforma Digital Txeka, estamos a desenvolver a campanha ‘Denunciem – É crime lutar contra a liberdade de expressão – A presente iniciativa conta com o apoio da National Endowment for Democracy (NED). Os actos de denúncia podem ser enviados através dos seguintes canais:
WhatsApp: (+ 258) 840100128
Email: [email protected]
Facebook: www.facebook.com/Bloco4foundation
Os pesquisadores Janne Rantala e Carlos Guerra Júnior apresentaram as reivindicações políticas e identitárias dos rappers dessas duas cidades moçambicanas.
O rap das cidades de Chimoio e Beira, localizadas na região Centro de Moçambique, foi assunto de debate durante o Colóquio Activisms in Africa, que está sendo realizado na cidade do Porto, em Portugal. O evento iniciou nesta quarta-feira (24) e encerra na sexta-feira (26).
A apresentação em torno dessas duas cidades ocorreu nesta quinta-feira (25) e teve como título “Diretamente das Outras Províncias´: Práticas para contrapor as invisibilidades no rap de Chimoio e Beira”. Os conferencistas que apresentaram a comunicação são Janne Rantala e Carlos Guerra Júnior, este último também é conhecido artisticamente como Mossoró. Janne participou presencialmente da conferência na Universidade do Porto, enquanto Carlos contribui online, a partir de Porto Velho, cidade no Brasil.
Janne Rantala e Carlos Guerra estudaram sobre o rap moçambicano em suas pesquisas de doutorado. Rantala finalizou o seu doutorado na Finlândia e Carlos em Portugal. Nos últimos anos, ambos estão se dedicando a compreender mais profundamente as dinâmicas regionais do rap de Moçambique.
A frase que dá título à comunicação é retirada da música “Se Não Fosse a TV”, de Extraterrestre. Essa música do artista tem foco pedir visibilidade para as ações que acontecem fora da capital do país, Maputo, e ressaltando a qualidade musical existente nas províncias do Centro e Norte de Moçambique. Isso porque a capital do país está localizada na região Sul.
A apresentação dos pesquisadores utilizou como base o conceito de “linha abissal” do sociólogo Boaventura de Sousa Santos, renomado sociólogo que recentemente viralizou na mídia moçambicana ao recitar um trecho da música do rapper Azagaia. Boaventura defende a ideia de que a sociedade é forma por linhas, que apesar de serem invisíveis, definem os cidadãos que possuem mais direitos e privilégios.
As linhas perpassam por raça, gênero e geografia. Desse modo, a invisibilidade questionada pelos rappers de Chimoio e da Beira ajuda os pesquisadores a refletir sobre a “maximização” das linhas abissais. Uma vez que os artistas sofrem com uma primeira linha abissal entre o Norte Global e o Sul Global, outra por serem negros e outra por cantarem um gênero musical marginalizado e uma outra por atuarem em uma província fora da capital do seu país africano. Outras formas de maximizar essas linhas são através de divisões de gênero ou por cantar em uma língua não ocidental.
Para Boaventura de Santos, as linhas são invisíveis, no entanto, Rantala ressaltou na sua apresentação que essa linha se torna visível em Moçambique, por conta do Rio Save, que divide o Sul de Moçambique, do restante do país. Desse modo, o artista mencionou um trecho do rapper e apresentador Pier Dogg, natural da Beira, e que ressalta a importância de atravessar o Rio Save bem preparado para ser um vitorioso.
Pier Dogg também foi relembrado na apresentação como criador do evento que promove o principal evento nacional de rap, o Punhos no Ar. Esse evento promove a interligação nacional dos rappers moçambicanos e já contou com representantes de todas as províncias.
Outro ponto que foi enfatizado no evento foram as iniciativas internacionais. O projeto Interligados, criado pelo rapper do Chimoio Inspector Desusado, foi a primeira iniciativa de rap a contar com membros de todos os continentes. Esse grupo também teve destaque em várias edições do programa dos Estados Unidos Planet Earth, Planet Rap, liderado por Chuck D, do lendário grupo Public Enemy.
Além disso, o projeto Barras Maning Arretadas também foi mencionado, por promover uma aliança internacional com mais de 20 países, a partir de uma ligação entre Moçambique e Brasil. Também foi mencionada a participação de rappers da cidade da Beira na compilação Priesthood Internacional, juntos com o afiliado do lendário grupo Wutang Clan Killer Priest.
A apresentação de Janne Rantala e Carlos Guerra ainda mencionou artistas como Kuatro Ases, Dedecco e Duplo V da cidade da Beira, os beatmakers Imblgk e Az Pro da cidade do Chimoio, o rapper Função Inversa, do Chimoio, Sargento Killa de Beira, os rappers Stupa Serious, Y-Not e Tchacka, de Quelimane, bem como o rapper Azagaia, oriundo de Namacha.
Janne Rantala atualmente possui o projeto MSCA Performing Political memory (POME-RAPMOZ) em colaboração com o projeto CIPHER, na University College Cork, da Irlanda e segue com as pesquisas sobre a memória pública e Hip Hop moçambicano. Já Carlos Guerra Júnior é professor de jornalismo da Universidade Federal de Rondônia, no Brasil, e enfatiza o rap moçambicano no programa de pesquisa e extensão Barras – Bloco de Ações em Rap, Rádio e Ausências Sonoras.
O projeto possui o mais significativo acervo de fotografias que representa a vida de mulheres TRANS na cidade de Maputo. Desenvolvido entre investigadores da Open University (Reino Unido), académicos da Bloco 4 Foundation, e ativistas da TRANSFORMAR em Moçambique, explora, através de fotografias, possíveis narrativas de resistência; capturando as experiências de mulheres TRANS que vivem nas margens urbanas de Maputo e os significados que dão à violência, pertença, e identidade. Nesse sentido, os participantes da iniciativa procuram descrever visualmente a “sua condição de vida e suas utopias” num contexto marcado pela discriminação, estigmatização e intolerância, usando o visual como porta de entrada para a compreensão de discursos e práticas sobre como as pessoas dentro e fora da comunidade LGBT são ao expressar-se em público sobre questões de identificação de gênero e orientação sexual em Moçambique.
Cada imagem deste acervo fotográfico online mostra o sentimento de pertença, as experiências e campos de possibilidades das mulheres TRANS – que nunca mais serão engavetadas –, como nunca antes vistas em Moçambique. E nos convida a refletir sobre expressões, categorias que são a porta de entrada para a existência humana; e as relações com materiais e pessoas de extrema importância como veículo de comunicação em uma sociedade conservadora que nega a possibilidade de aceitar as diferenças e a liberdade de escolha.
Este acervo é composto por um conjunto de 14 fotografias realizadas por mulheres TRANS – as quais, ao dialogar com seus “eu”, fazem-no simultaneamente com o “outro” – como estratégia deliberada para garantir que as experiências em torno de suas vidas diárias são continuamente registradas. Os problemas que estão associados à interpretação da imagem – sob o pretexto de contradições – expressam as complexas relações de um sistema restritivo; transmitindo a ideia de que todos são igualmente visíveis, quando as coisas não são assim.
Vivem diante de espelhos quebrados que setorizam imagens, como partes dissidentes e marginais de corpos que representam formas de enfrentamentos criminalizados e censurados; sobrevivendo em contextos subjetivamente autónomos e temporais ou em lugares de discussão ou discurso concreto, no que diz respeito a territórios para a emancipação da Comunidade LGBT em Moçambique. Parte do acervo do projeto que pode ser encontrado aqui torna-se, a partir de agora, uma porta de entrada para convidar potenciais voluntários a ajudar-nos a divulgar esta iniciativa. Primeiro, promovendo o engajamento cívico que se traduz em influência política que molda as agendas de justiça social e contribui para uma sociedade mais justa e representativa. E, em um segundo momento, entrando em contato para compartilhar suas vivências de afetos e constrangimentos e envio de arquivos fotográficos ou pequenos vídeos temáticos por e-mail:
Escrito por Tirso H. Sitoe
O fechamento do espaço cívico tem ocupado um lugar central quando falamos da dignidade humana. Este espaço cívico, quer seja online ou offline permite que movimentos sociais e activistas de direitos humanos possam desempenhar um papel fundamental na vida política, económica e social para a formulação de políticas públicas que não são apenas do Governo e/ou de partidos políticos, mas que ofereçam um bem-estar a todos. Mas com o aumento do aprofundamento da captura do Estado, várias liberdades vão sendo restringidas e consequentemente o aumento de violação dos direitos humanos. Entretanto, as artes populares e outras formas de activismo tem desempenhado um papel importante para aumentar a visibilidade das vulnerabilidades dos defensores dos direitos humanos para fortalecer boas práticas e denúncias.
Pretendemos, deste modo, convidar aos artistas, de forma geral, e poetas/poetisas, em particular, a apresentarem propostas de no máximo dois poemas cada, sobre o “Fechamento do espaço cívico e direitos humanos em Moçambique”. A iniciativa baseia-se na ideia de desenvolver mecanismos para que a juventude em contextos de fragilidade e violência possa liderar a acção política e social através de expressões artísticas e culturais (poesia) e através da tecnologia digital possamos criar um espaço alternativo de conversas. Os poemas selecionados estarão apresentados em uma colectânea de livro digital a ser distribuído gratuitamente, mas poderão fazer, à posterior, vídeo-declamação para um canal específico do projecto, no sentido de promovermos conversas globais e locais sobre as diversidades de problemas dos activistas defensores de direitos humanos.
Duração da chamada: Até 31 de Março
Email de recepção de chamada: [email protected]
Para mais informação, por favor contacte: +258 840100128
Organização: Bloco 4 Foundations- Pesquisa em activismo, cidadania e políticas sociais e Txeka
Produção: Rede de Artistas Defensores dos Direitos Humanos e Tindziva – Comunicação & Ideias
Financiador: National Endowment for Democracy
No âmbito do dia internacional dos direitos humanos (10 de Dezembro), um grupo de organizações da sociedade civil, nomeadamente: O Movimento Ativista, o Txeka, o Bloco 4 Foundation, a Amnistia Internacional, o CDD, a Rede de Defensores de Direitos Humanos, o Parlamento Juvenil, Actionaid e Criar Moçambique, se encontra a desenvolver um SARAU CULTURAL denominado “Lute pelos seus direitos”, no teatro avenida em Maputo. Este SARAU tem um especial convidado de nome AZAGAIA, recentemente citado no projeto “RAP GLOBAL”, pelo sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos pela carreira fulminante enquanto RAP de protesto social e que também se far-se-á acompanhar por MC Chamboco que também, lidera a Rede de artistas defensores de Direitos humanos em Moçambique, resultante do projeto “ Promoção e participação da juventude através das artes e Mídias digitais nos processos de governação”, financiado pelo NED- National Endowment for Democracy- e implementado pela Bloco 4 Foundation- Pesquisa em ativismo, cidadania e politicas sociais e a Plataforma Digital Txeka.