O Tempo dos Vândalos

Nos últimos 10 anos de governação de Filipe Nyusi e da FRELIMO, as experiências de muitos jovens, quer de forma individual ou colectiva, que vem organizando ondas de manifestações sociais/políticas [em espaços digitais e públicos] têm crescido de modo exponencial em Moçambique e, não muito diferente, dos movimentos liderados pela juventude, dentro e fora dos partidos políticos/organizações da sociedade civil em países vizinhos. A marginalização, a exclusão social, política e económica, com o acentuado fechamento do espaço cívico, resultante da intolerância política, num contexto de contínuas fraudes eleitorais, as caras da guerra em Cabo Delgado, assassinatos ou silenciamento de vozes por encomenda, fez com que continuamente a juventude, respectivamente, denominada de “vândalos” ou “golpistas” pelo governo do dia, em homenagem às figuras incontornáveis e inspiradoras das lutas de seu tempo, encontrassem, na retórica da defesa das liberdades fundamentais, um ponto de entrada para informar que “estão prontos para queimar as ruas”, como faz menção a narrativa musical e poética de Azagaia intitulada “Liricismo do vândalo” (2011). Este dossier, “O tempo dos vândalos”, explora o autoritarismo e violações de direitos humanos, procura colocar a juventude no epicentro da análise sobre os processos políticos, económicos, sociais e culturais de um Moçambique em constante movimento onde, através de diferentes palcos, a juventude expressa, categoricamente, que os tempos são “outros”, dos “outros” para com os “outros” e conectam-se em redes de solidariedade num mundo de linguagens para informar que “já não vos queremos”, “saiam, não nos representam” ou simplesmente “ anamalala”.

Convidamos investigadores, académicos, estudantes de graduação em ciências sociais e humanas a enviar propostas de artigos e ensaios que possam abordar tópicos relacionados, mas não limitados a:

    • Efeitos cascata de protestos sociais e criatividades através de activismos digitais;
    • As artes e performances criativas em ateliers periféricos e urbanos pela verdade eleitoral;
    • Intimidação policial versus diferentes respostas dos manifestantes;
    • Os cancelamentos políticos digitais;
    • Os lugares de fala (não fala) de jovens mulheres pela verdade eleitoral;
    • O silêncio dos libertadores da pátria versus o surgimento dos libertadores do autoritarismo;
    • Análise das manifestações a partir de fotograficas ou cartazes explorando narrativas discursivas pela verdade eleitoral;
    • Os discursos jornalísticos sobre as manifestações pela verdade eleitoral;
    • Entre outros.
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