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Tensão política e violação dos Direitos Humanos em Moçambique

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No dia 9 de outubro, Moçambique realizou eleições, cujos resultados foram anunciados oficialmente ontem, dia 24 de outubro. Entretanto, o anúncio, antes mesmo de ser feito, trouxe uma onda de protestos populares em várias cidades do país, com manifestações generalizadas que entram hoje no terceiro dia.

A população, insatisfeita com a declaração de vitória do partido Frelimo e de seu candidato, Daniel Chapo, reagiu ao que considera um resultado eleitoral fraudulento. Muitos dos manifestantes afirmam ter votado em Venâncio Mondlane, candidato da oposição, e esperavam sua vitória como uma mudança política necessária. A frustração dos eleitores tem sido expressa em manifestações pacíficas, que começaram ainda na manhã de ontem, em cada bairro, culminando com uma concentração maior na Avenida Joaquim Chissano, em Maputo.

Contudo, o direito à manifestação tem sido enfrentado com respostas violentas por parte das autoridades. A polícia moçambicana utilizou gás lacrimogéneo e balas para dispersar os manifestantes, em meio a relatos de uso excessivo de força contra a multidão que marchava pacificamente, chegando a causar algumas mortes e feridos graves. O clima de repressão intensificou a tensão entre o governo e a população, que exige uma apuração mais transparente dos votos.

A situação já se tinha agravado após o assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe. Elvino Dias, advogado e assessor jurídico de Mondlane, e Paulo Guambe, membro do partido Podemos, que sustenta a candidatura de Mondlane, foram mortos no dia 19 de outubro em um ataque brutal que chocou o país.

Em uma transmissão ao vivo realizada após o anúncio dos resultados, Venâncio Mondlane apelou aos apoiadores para que mantivessem as manifestações por vinte e cinco dias — um acto simbólico em homenagem às vinte e cinco balas que atingiram os dois homens.

Mondlane enfatizou a importância da continuidade dos protestos de forma pacífica, afirmando que essa é a única maneira de exigir que a verdade eleitoral seja restabelecida e que o direito do povo à escolha de seus representantes seja respeitado.

Com os protestos marcados para os próximos dias, o cenário político em Moçambique permanece tenso. A população segue em luta por transparência e justiça, enquanto a repressão policial levanta questões sobre o respeito aos direitos humanos e à liberdade de expressão no país.