O projeto possui o mais significativo acervo de fotografias que representa a vida de mulheres TRANS na cidade de Maputo. Desenvolvido entre investigadores da Open University (Reino Unido), académicos da Bloco 4 Foundation, e ativistas da TRANSFORMAR em Moçambique, explora, através de fotografias, possíveis narrativas de resistência; capturando as experiências de mulheres TRANS que vivem nas margens urbanas de Maputo e os significados que dão à violência, pertença, e identidade. Nesse sentido, os participantes da iniciativa procuram descrever visualmente a “sua condição de vida e suas utopias” num contexto marcado pela discriminação, estigmatização e intolerância, usando o visual como porta de entrada para a compreensão de discursos e práticas sobre como as pessoas dentro e fora da comunidade LGBT são ao expressar-se em público sobre questões de identificação de gênero e orientação sexual em Moçambique.
Cada imagem deste acervo fotográfico online mostra o sentimento de pertença, as experiências e campos de possibilidades das mulheres TRANS – que nunca mais serão engavetadas –, como nunca antes vistas em Moçambique. E nos convida a refletir sobre expressões, categorias que são a porta de entrada para a existência humana; e as relações com materiais e pessoas de extrema importância como veículo de comunicação em uma sociedade conservadora que nega a possibilidade de aceitar as diferenças e a liberdade de escolha.
Este acervo é composto por um conjunto de 14 fotografias realizadas por mulheres TRANS – as quais, ao dialogar com seus “eu”, fazem-no simultaneamente com o “outro” – como estratégia deliberada para garantir que as experiências em torno de suas vidas diárias são continuamente registradas. Os problemas que estão associados à interpretação da imagem – sob o pretexto de contradições – expressam as complexas relações de um sistema restritivo; transmitindo a ideia de que todos são igualmente visíveis, quando as coisas não são assim.
Vivem diante de espelhos quebrados que setorizam imagens, como partes dissidentes e marginais de corpos que representam formas de enfrentamentos criminalizados e censurados; sobrevivendo em contextos subjetivamente autónomos e temporais ou em lugares de discussão ou discurso concreto, no que diz respeito a territórios para a emancipação da Comunidade LGBT em Moçambique. Parte do acervo do projeto que pode ser encontrado aqui torna-se, a partir de agora, uma porta de entrada para convidar potenciais voluntários a ajudar-nos a divulgar esta iniciativa. Primeiro, promovendo o engajamento cívico que se traduz em influência política que molda as agendas de justiça social e contribui para uma sociedade mais justa e representativa. E, em um segundo momento, entrando em contato para compartilhar suas vivências de afetos e constrangimentos e envio de arquivos fotográficos ou pequenos vídeos temáticos por e-mail:
Escrito por Tirso H. Sitoe